Recentemente, escrevi uma matéria para a Revista Prommotion, aqui de Portugal, falando sobre o trabalho incrível do fotógrafo e artista Volnei Malaquias. Confira a reportagem abaixo:
Retranca: Artes
Artes Plásticas
A Prommotion Magazine é incansável e está sempre em busca de cultura, interação e conexões que nos ensinam a olhar o mundo com o coração e é por isso que nesta edição deixamos um espaço especial para as artes plásticas.
Com uma interação com o mundo conhecemos uma exposição que nos inspirou, "O Despertar do Caos" do artista plástico Volnei Malaquias e para nos contar sobre esse trabalho contamos com a colaboração do Jornalista e Cineasta Stevan Lekitsch.
Fotos: Fabiano Cafure @fabianocafure
Do Concreto ao Abstrato, Literalmente!
por Stevan Lekitsch
"O essencial é invisível para os olhos", já dizia Saint-Exupéry, o reverenciado autor do Pequeno Príncipe. E Volnei leva essa premissa ao pé da letra. O que os nossos olhos, de meros mortais e não-artistas, não enxergam, Volnei capta com olhos e a mente da arte, da cor, do subjetivo e da intensidade.
Seus quadros, de pura abstração, remetem a galáxias, águas profundas, rios de lava, paisagens rochosas, ou, simplesmente, a uma explosão de texturas e pigmentos. Mas, na verdade, guardam uma origem muito mais surpreendente: são paredes descascadas, frestas de construção, passadeiras (faixas de pedestres), e outros tipos de intervenções urbanas das mais banais, espalhadas pelos cantos e becos de Lisboa. E que ele lê e traduz em quadros.
E seu olhar é tão transversal, que consegue captar e projetar estados mentais de si próprio, desta vez, comuns a nós mortais. E é isso que "O Despertar do Caos" nos apresenta: uma sequência, quase cronológica, de momentos psicológicos que vão do caos à depressão, do fundo do poço ao renascimento, e, finalmente, ao bem-estar de um cérebro que soube se fechar, se refazer e se reinventar. E assim também o faz com sua arte.
Suas crises, existenciais ou nem tanto, refletem-se numa profusão de texturas, de relevos, ora minuciosos, ora grotescos, assim como num regurgitar de cores, ora frias, ora cinzentas, ora obscuras, ora quentes e vibrantes, como que se espelhassem as fazes do nosso dia a dia, da nossa urbe, do nosso ser, da nossa vida.
Saber olhar para o concreto e ver a abstração, e ainda associada a um contexto psíquico, desconheço quem tenha feito isso antes. Os grandes abstratos usavam a tinta e o pincel. Ou o carvão e o papel. Volnei usa o olho, a lente e o urbano. A cidade em si. Tão caótica quanto sua arte e sua mente. Tão incompreendida quanto a psique humana. E tão real quanto os nossos fantasmas e tormentos, comuns a todos n[os, os humanos. Viva a arte!
escravodacultura.blogspot.com
As obras do artista Volnei Malaquias encontram-se disponíveis na galeria Barros&Bernard. (exposição já encerrada).
(Rua de Borges Carneiro, 52, Lisboa)
Revista Prommotions - Edição 11 - 2024 - Páginas 60 e 61.


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